2011/08/04

Um facto... múltiplas interpretações?

"Qualquer que seja a situação em causa, cada pessoa testemunha-a à sua maneira e esta é uma das principais causas de desacordo entre as pessoas, seja na vida pessoal ou profissional.
Qualquer coisa que o incomoda, que causa stress ou faz sentir-se mal é provocado pela forma como interpreta o acontecimento. Tomemos o exemplo de um director de empresa que anuncia, aos seus trinta funcionários, que decidiu fechar a empresa dentro de duas semanas. Isso é um facto. Acha que as trinta pessoas vão reagir da mesma maneira? Certamente que não.
Um empregado pode dizer: "Youppi, eu queria começar meu próprio negócio e não tinha coragem para o fazer. Aqui está a indicação de que está na hora de realizar o meu sonho.” Outro pode ficar desanimado porque acredita que, com cinquenta anos, nunca vai encontrar outro emprego. Um terceiro pode sentir muita raiva e culpar o seu director por fazer o anuncio tão tarde. Outro ainda pode pensar que depois de passar vinte anos de sua vida ao serviço da empresa e sendo o funcionário mais antigo, deveria ter sido avisado antes dos outros.
Agora considere outro exemplo a um nível pessoal. O marido disse à mulher que nunca tenha comido um assado tão bom como o de sua mãe e que ela tem uma maneira especial de o preparar. A esposa reage imediatamente com raiva: "Isto é, não me digas que não sou uma boa cozinheira. Não precisas de me criticar de uma forma indirecta. Mais vale dizeres-me que gostas mais da tua mãe...” O coitado nunca disse à esposa que ela não é uma boa cozinheira e que prefere a sua mãe. Este é o tipo de interpretação que é comum ser feita.
O que é lamentável é que a maioria das pessoas não percebem que o que os incomoda é o resultado de sua própria interpretação. Eles não podem deixar passar a situação, porque estão convencidos de que são detentores da verdade. Na verdade, eles não estão a ver a realidade, apenas acreditam na sua interpretação. Neste exemplo, esta senhora será detentora da verdade? Sabemos que não, mas ela acredita sinceramente nisso. Tenho a certeza que se ela repetir as palavras do marido a uma amiga, a reacção seria bastante diferente da sua.
É aconselhável parar assim que perceber que está a viver algo desagradável ou emoções de medo, culpa, etc. Então, tome um momento para fazer algumas respirações profundas e para tentar centrar-se. Sabendo que estes sentimentos resultam da sua interpretação isto irá ajudar a que pare um momento para se perguntar quais são as diferentes interpretações que podem resultar do que ouviu. Qual foi a motivação possível do outro? Ao fazer isso, estará a usar o seu coração em vez da sua cabeça, onde o ego se diverte às suas custas.
Na primeira situação, colocando-se nos sapatos do dono, é fácil deduzir que ele teria uma boa razão para não informar os seus funcionários mais cedo. Além disso, ele tinha todo o direito de fazer o que quisesse com o seu negócio. Com a sua decisão, ele nunca teve a intenção de considerar seus empregados inválidos ou não apreciar os seus bons serviços. Ele simplesmente respondeu às suas necessidades. Sabe-se também que esta decisão deve ter sido muito difícil para ele. Uma vez que é impossível agradar a todos, ele nunca teria encontrado uma resposta adequada para todos os funcionários. A única forma correcta é a que lhe convém mais a ele.
No segundo exemplo, tenho a certeza de que uma vez que a sua raiva diminua, esta senhora vai descobrir que o seu marido nunca disse as coisas que ela pensou ter ouvido. Além disso, ele tem o direito de preferir a carne assada pela sua mãe. Os gostos não se discutem. Quando, por exemplo, ela disse ao marido que o vizinho é tão arrumado que a sua garagem está sempre em ordem (sabendo que o marido faz o contrário), ela está a dizer que não gosta do marido ou que prefere o vizinho?
Sejamos mais conscientes das interpretações que damos a tudo o que acontece ao nosso redor. Vamos evitar muitos problemas, muitas emoções e deixaremos de alimentar os nossos medos de não ser amados ou ser imperfeitos."
Com amor,
Lise Bourbeau

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