2011/08/31

Os cães nossos amigos...

Não se esqueçam!!!


A Cegueira!!!

Com a devida vénia transcrevo do "Expresso"...

"Passe social: a cegueira do mau contabilista

 Há duas formas de apresentar o novo passe social que se terá de pedinchar com um atestado de pobreza. Uma é dizer que foi criado um passe para pobres, mais barato. Outra é dizer que os custos dos transportes públicos - mais usados pelos mais pobres e os que vivem nas periferias - foram brutalmente aumentados e ficaram de fora do saque alguns miseráveis. Apenas os que recebem menos de 545 euros brutos. E, destes, apenas uma pequena parte (nem todas as combinações de trajectos estão garantidas). Ou seja, o passe é, na realidade, um apoio social para uma pequeníssima parte dos portugueses. Mas um mês depois do governo tirar com uma mão a todos faz uma festa com as migalhas que dá a quase ninguém. E dá, a esta propaganda descarada, o nome de "Programa de Emergência Social".
Quando o passe social foi criando, importando as melhores práticas da maioria dos países europeus, não correspondia apenas a uma medida social. Era, acima de tudo, uma medida racional. Garantir a mobilidade promovendo o uso generalizado do transporte público. Porque o transporte público é melhor para a qualidade vida nas cidades, para a economia dos países e para as finanças do Estado.
Depois veio o deslumbramento novo rico. Andar de carro era sinal de desenvolvimento. O dinheiro público foi quase exclusivamente canalizado para o transporte individual, como prova o investimento desajustado em autoestradas e o desmantelamento da já ridícula rede ferroviária. A privatização a retalho da Rodoviária Nacional e a concessão de linhas ferroviárias a privados levou à lenta agonia do passe social - mais por incapacidade de coordenação entre operadores, para a qual a inexistência de verdadeiras autoridades urbanas de transportes contribuiu, do que por qualquer opção política - e à sua substituição por passes combinados. Ao contrário do que se passa em muitas cidades europeias, multiplicam-se os títulos de transporte, não havendo qualquer coordenação tarifária ou mesmo de percursos. Resultado: os transportes públicos perderam centenas de milhares de passageiros. Lisboa e Porto estão cheios de carros e, tirando as respectivas redes de metro, o uso do transporte público é um quebra cabeças a que só não foge quem não pode. 
Dirão: não há dinheiro para continuar a pagar o buraco financeiro das empresas de transportes. Os transportes públicos dão o prejuízo que dão porque foram mal geridos e maltratados. E porque o estacionamento em espaço público nas cidades é um negócio em vez de servir para financiar, como deveria acontecer, os transportes colectivos.
Mas o mais importante é perceber que o que se poupa agora se vai gastar em muito mais. A diferença é que não aparece nas contas de nenhuma empresa pública. Vamos pagar em importação de combustíveis (e reduzir as importações deveria ser uma das nossas prioridades). Vamos pagar em degradação do espaço público que, caso ninguém se recorde, tem de ser mantido e essa manutenção tem custos. Vamos pagar em produtividade.
Dirão: mas com o custo de vida as pessoas também não vão usar o transporte individual. E aí vão trabalhar como? Ou o empregador lhes paga o transporte que agora é mais caro - mais custos associados ao trabalho - ou o trabalhador fica com menos rendimento disponível. E a pergunta que sobra é esta: está o governo à procura do equilíbrio a partir do qual deixa de valer a pena trabalhar para parar aí, mantendo a maioria dos cidadãos com emprego abaixo do limiar da pobreza?
O problema deste governo é que não vê o Estado como um coordenador de políticas para nos tirar de uma crise. O seu programa resume-se a reduzir a despesa do Estado sem se dar ao trabalho de pensar nas consequências económicas de cada medida. Não percebendo que, com o nosso endividamento externo e a nossa falta de crescimento, se limita a cumprir metas, agravando o problema para o futuro.
Volto ao princípio: o passe social, assim como tudo o que esteja associado à rede de transportes públicos, é um instrumento. Ele é fundamental para o bom funcionamento das cidades e das suas economias. Ele é fundamental para reduzir a nossa dependência energética, reduzir o tempo em deslocações e aumentar a produtividade. Nem apelo a qualquer tipo de sensibilidade social, que já se percebeu que para este governo se resume a dar esmolas a miseráveis que rendam umas notícias nos jornais. Pergunto apenas: acham que a nossa economia aguenta ser tão maltratada? Quando já nada funcionar poderiam até vir a dizer: temos as contas públicas limpas. Sem economia, vivendo no meio do caos, não serviria de muito. Acontece que sem crescimento económico não há finanças do Estado que se aguentem. E quando já não houver mais nada para cortar, nem mais "Estado gordo" para culpar, vão fazer o quê?"  

2011/08/04

Pense antes de estacionar...

Um facto... múltiplas interpretações?

"Qualquer que seja a situação em causa, cada pessoa testemunha-a à sua maneira e esta é uma das principais causas de desacordo entre as pessoas, seja na vida pessoal ou profissional.
Qualquer coisa que o incomoda, que causa stress ou faz sentir-se mal é provocado pela forma como interpreta o acontecimento. Tomemos o exemplo de um director de empresa que anuncia, aos seus trinta funcionários, que decidiu fechar a empresa dentro de duas semanas. Isso é um facto. Acha que as trinta pessoas vão reagir da mesma maneira? Certamente que não.
Um empregado pode dizer: "Youppi, eu queria começar meu próprio negócio e não tinha coragem para o fazer. Aqui está a indicação de que está na hora de realizar o meu sonho.” Outro pode ficar desanimado porque acredita que, com cinquenta anos, nunca vai encontrar outro emprego. Um terceiro pode sentir muita raiva e culpar o seu director por fazer o anuncio tão tarde. Outro ainda pode pensar que depois de passar vinte anos de sua vida ao serviço da empresa e sendo o funcionário mais antigo, deveria ter sido avisado antes dos outros.
Agora considere outro exemplo a um nível pessoal. O marido disse à mulher que nunca tenha comido um assado tão bom como o de sua mãe e que ela tem uma maneira especial de o preparar. A esposa reage imediatamente com raiva: "Isto é, não me digas que não sou uma boa cozinheira. Não precisas de me criticar de uma forma indirecta. Mais vale dizeres-me que gostas mais da tua mãe...” O coitado nunca disse à esposa que ela não é uma boa cozinheira e que prefere a sua mãe. Este é o tipo de interpretação que é comum ser feita.
O que é lamentável é que a maioria das pessoas não percebem que o que os incomoda é o resultado de sua própria interpretação. Eles não podem deixar passar a situação, porque estão convencidos de que são detentores da verdade. Na verdade, eles não estão a ver a realidade, apenas acreditam na sua interpretação. Neste exemplo, esta senhora será detentora da verdade? Sabemos que não, mas ela acredita sinceramente nisso. Tenho a certeza que se ela repetir as palavras do marido a uma amiga, a reacção seria bastante diferente da sua.
É aconselhável parar assim que perceber que está a viver algo desagradável ou emoções de medo, culpa, etc. Então, tome um momento para fazer algumas respirações profundas e para tentar centrar-se. Sabendo que estes sentimentos resultam da sua interpretação isto irá ajudar a que pare um momento para se perguntar quais são as diferentes interpretações que podem resultar do que ouviu. Qual foi a motivação possível do outro? Ao fazer isso, estará a usar o seu coração em vez da sua cabeça, onde o ego se diverte às suas custas.
Na primeira situação, colocando-se nos sapatos do dono, é fácil deduzir que ele teria uma boa razão para não informar os seus funcionários mais cedo. Além disso, ele tinha todo o direito de fazer o que quisesse com o seu negócio. Com a sua decisão, ele nunca teve a intenção de considerar seus empregados inválidos ou não apreciar os seus bons serviços. Ele simplesmente respondeu às suas necessidades. Sabe-se também que esta decisão deve ter sido muito difícil para ele. Uma vez que é impossível agradar a todos, ele nunca teria encontrado uma resposta adequada para todos os funcionários. A única forma correcta é a que lhe convém mais a ele.
No segundo exemplo, tenho a certeza de que uma vez que a sua raiva diminua, esta senhora vai descobrir que o seu marido nunca disse as coisas que ela pensou ter ouvido. Além disso, ele tem o direito de preferir a carne assada pela sua mãe. Os gostos não se discutem. Quando, por exemplo, ela disse ao marido que o vizinho é tão arrumado que a sua garagem está sempre em ordem (sabendo que o marido faz o contrário), ela está a dizer que não gosta do marido ou que prefere o vizinho?
Sejamos mais conscientes das interpretações que damos a tudo o que acontece ao nosso redor. Vamos evitar muitos problemas, muitas emoções e deixaremos de alimentar os nossos medos de não ser amados ou ser imperfeitos."
Com amor,
Lise Bourbeau

Cada dia é...


Não resisti a compartilhar isto convosco...

Dona "Maria Jiló" é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todos os dia às 8 da manhã já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão.
Hoje mudou-se para uma casa de repouso: o marido, com quem viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução.
Depois de esperar pacientemente, duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a assistente veio dizer que o seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andarilho na direção do elevador, fiz uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela.
Interrompeu-me com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de receber um cachorrinho.
- Ah, eu adoro essas cortinas....
- Dona "Maria Jiló", a senhora ainda nem viu o seu quarto... Espere um pouco...
- Isto não tem nada a ver, respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo a minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todos os dias quando acordo.
Sabe, eu  posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem. Ou posso levantar-me da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.  
- Simples assim?
- Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e todos podem aprender, e exigiu de mim um certo “treino” ao longo dos anos, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência, os sentimentos.
Calmamente continuou:
Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: só se retira aquilo que se guardou. Então, o meu conselho é depositar um monte de alegrias e felicidade na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de lembranças. Como vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.

*Autor desconhecido (por mim, claro)