2011/01/29

Aprendizes de feiticeiros...

Um determinado produto de que uma fábrica produz um milhão de unidades, uma fábrica chinesa produz quarenta milhões... A qualidade é equivalente. E a velocidade de adaptação às inovações é impressionante. Os orientais colocam qualquer produto no mercado em semanas... Com preços que são uma fracção dos praticados no Ocidente.
Uma das fábricas chinesas está a mudar-se para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 130 Euros. Um operário equivalente no mundo ocidental ganha 486 Euros no mínimo que, acrescidos de impostos e benefícios, representam cerca de 600 Euros. Quando comparados com os 130 Euros dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios.... estamos perante uma escravatura e ao recorrermos a ela ainda a alimentamos. Horas extraordinárias? No Oriente...? Essa é uma expressão desconhecida. Só ter um emprego que pague um ordenado já é uma vitória, quanto mais receber horas extraordinárias.
Nesta realidade está a grande armadilha que o Ocidente está a armar contra si próprio.
Pacientemente os novos capitalistas do Oriente estão a “comer” o aparelho produtivo do Ocidente.
Claro que nada disto foi programado por eles, estão apenas a aproveitar-se da estratégia dos industriais e investidores ocidentais para enriquecerem o mais depressa possível. Da forma como as coisas estão a correr não tardará muito e os industriais orientais terão ficado com toda a capacidade produtiva do planeta. Se repararem bem, já hoje, dificilmente conseguimos comprar qualquer coisa que não seja fabricada na China ou num país do Oriente apesar de as marcas serem ocidentais. Os rótulos são ocidentais (americanos, alemães, espanhóis, franceses, portugueses – poucos - etc.) mas a fabricação é oriental.
Os proprietários das marcas ganham rios de dinheiro comprando no Oriente por cêntimos e vendendo-nos a nós pelo preço que querem. Fecharam as fábricas nos seus países, deslocaram-nas para o oriente numa estratégia de produzir ao mais baixo preço e, neste momento, os fabricantes orientais detêm as tecnologias de produção e os ocidentais têm os parques industriais fechados, milhões de desempregados e vão começar a ter dificuldade em vender o que encomendam, porque os seus clientes ocidentais estão sem trabalho e não têm dinheiro.
Entretanto, começam já a aparecer no mercado produtos asiáticos concorrentes a preços inferiores aos das marcas ocidentais... duvidam? Façam uma busca na Internet para, por exemplo, iPad e vejam quantos aparecem. Isto para não falar nas cópias dos Nike, Gucci, Rolex, etc.
Já, praticamente, não há parques industriais no ocidente em actividade e os nossos investidores estão entretidos a especular com os preços do petróleo, a procurar mais formas de destruir o estado social conseguido no rescaldo da II Guerra e a transferirem o nosso dinheiro para os seus bancos.
Num futuro próximo poderemos ver os produtos orientais a aumentar os seus preços, produzindo algo que se poderá chamar um "choque de fabricação", como aconteceu com o choque petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde de mais. Então perceberemos que reconstruir as fábricas terá um custo proibitivo e … Perceberemos que criámos um enorme dragão e acabámos por ficar reféns dele – verdadeiros aprendizes de feiticeiro.
Entretanto, os nossos brilhantes capitalistas viverão dos rendimentos dos lucros, que irão emprestar a quem? Certamente não será à população ocidental que, por essa altura, viverá na miséria. Já hoje são poucas as famílias que não têm alguém no desemprego!
Obviamente que a culpa por esta inversão do sentido da produção não é dos orientais que, simplesmente, estão a aproveitar-se da ganância dos industriais do mundo supostamente desenvolvido. Apesar de explorarem desalmadamente os seus conterrâneos para (assimilando perfeitamente o “bom” espírito capitalista) ganharem o mais possível e o mais rapidamente possível.
Claro que o guião deste “filme” não é obrigatório ser seguido, pode perfeitamente ser invertido e alterado, basta que os supostos governos democráticos ocidentais defendam as populações e não apenas os especuladores capitalistas.
Porque será que os governos ocidentais insistem em salvar a todo o custo os bancos falidos? Porque será que os estados dão dinheiro aos bancos e estes continuam a fazer jogadas especulativas? Empréstimos a taxas de juro impossíveis?
Pode ser que estejamos a ver mal o filme. Pode ser que os trabalhadores orientais numa ou duas gerações consigam exigir dos seus patrões condições de trabalho iguais às que os ocidentais já tiveram em tempos. Pode ser... pode ser... pode ser... mas entretanto... 

2011/01/28

A internet... também é negócio

Pois é, a Internet também é um negócio, para além de ser um método fantástico de nos manter em contacto com tudo o que vai acontecendo por esse mundo fora. Temos é que estar atentos ao que fazemos e como por lá andamos.
O Facebook alterou as regras do jogo e agora, cada vez que carregarmos num “gosto”, a nossa decisão (sugestão) está a ser vendida.
Todos sabemos que, de uma forma ou outra, a Internet é um negócio e aquilo que nos “dão” tem de ser pago, e a publicidade é uma das formas de transformar as nossas vistas em dinheiro.
O que está errado é “usarem-nos” descaradamente e alterarem as regras do jogo a meio do caminho e escreverem que os nossos dados não serão vendidos, pois não... e o resto?
Para ficarem com uma ideia do que está em jogo aqui fica um extracto de uma notícia da FoxNews:
“Segundo estimativas recentes, o negócio da publicidade do Facebook está a crescer muito bem. A empresa terá facturado 1,86 biliões de dólares em receitas publicitárias em todo o mundo, no ano passado. Sessenta por cento das receitas de 2010, ou seja 1,12 biliões de dólares, foi obtida a partir de pequenas empresas, as mais propensas a utilizar ferramentas de auto-atendimento, em vez de trabalhar através de uma agência de publicidade.”
Aqui está mais um exemplo de como “grão a grão enche a galinha o papo”. Pois é, são cêntimos, são apenas cêntimos, mas muitos poucos fazem imenso...