2012/03/31
2012/03/30
Quanto mais...
... os subornamos, mais poderosos se tornam!!
(Federação de luta contra a corrupção na Índia)
Não digo que constituamos uma Federação, mas a luta contra a corrupção é importante.
(Federação de luta contra a corrupção na Índia)
Não digo que constituamos uma Federação, mas a luta contra a corrupção é importante.
2012/03/21
Boas notícias... da Grécia!
“Cuidado.
A soda cáustica é perigosa”, grita Rea Pigiaki enquanto mistura o
líquido com lavanda para preparar seus sabonetes aromáticos, que
são muito famosos nesta pequena localidade do sudeste de Creta.
Pigiaki,
mãe de três filhos, oferece os seus produtos artesanais a
integrantes da Rede de Moeda Alternativa de Ierapetra. Ela cobra 1,5
kaereti (a moeda local, digital e também chamada “social” de
Ierapetra) por barra de sabonete, e normalmente recebe mel e laranjas
em troca de seus produtos. “Nas nossos caixas já não há euros. O
kaereti parece ser uma resposta ao que está ocorrendo na economia
grega”, disse à IPS.
Todos
os intercâmbios da rede são registrados num computador central,
onde os membros publicam o que podem oferecer, cobrindo uma ampla
variedade de produtos e serviços. Os integrantes anotam os que
precisam. Quando dois membros decidem fazer a troca, cada um completa
a conta do outro com a quantia acordada em kaereti. O ponto-chave é
que não circulam nem euros e nenhuma outra moeda oficial, e que
todos os intercâmbios são feitos exclusivamente em kaereti. A
palavra “kaereti” pertence ao dialeto local e significa “oferece
uma pequena ajuda a alguém que necessita, sem esperar um benefício”.
Peixe
fresco, vinho, o famoso licor Raki de Creta, café árabe, produtos
agrícolas locais, móveis de madeira, artesanato, sabonete
biológico, óleos essenciais, chocolate caseiro, joias... Tudo o que
se imagina é oferecido e trocado rapidamente por meio da rede
digital. A rede de produtos tangíveis foi completada com um grande
número de serviços e uma força de trabalho bem equipada e pronta
para oferecer suas habilidades na hora: electricistas, canalizadores,
pedreiros, pintores, jardineiros, artistas gráficos, advogados,
contadores, professores de idiomas, dança e música. A lista é
interminável.
O
mais incomum parece ser alguém que “oferece seus estudos em
arquitetura marinha”, contou Alexis Machairas, um dos criadores da
rede, que é plenamente auto-suficiente e profissional. “A moeda
local foi criada em agosto de 2011, e até agora tem participação
de mais de 300 membros da sociedade legal”, explicou.
“Especialmente nas últimas semanas – quando a economia da Grécia
mostrou uma grande queda – a quantidade de membros e transações
aumentou rapidamente. No último mês, os membros da rede aumentaram
um terço, e regista-se pelo menos uma transação por dia”,
acrescentou.
Sem
dúvida, a transparência do sistema monetário local é uma grande
vantagem. Todos os membros têm acesso à folha principal, que mostra
a hora da transação, os preços e a quantidade de trocas realizadas
a cada momento. Um kaereti equivale a um euro, mas os euros não são
permitidos dentro da rede. “As moedas alternativas estão dirigidas
principalmente aos pobres”, explicou o professor e economia
política George Stathakis, da Universidade de Creta.
“Todas
as redes alternativas são uma base muito séria para superar os
obstáculos que as camadas mais pobres da sociedade enfrentam”,
afirmou Stathakis. Assim, ressurgem velhas actividades que ganham um
novo valor, gerando emprego simultâneamente. “Todos os
intercâmbios baseiam-se na confiança, transparência e
simplicidade. Actualmente, na Grécia funcionam 26 redes diferentes
de trocas, embora a do kaereti seja a mais ambiciosa”, destacou.
“Até o final do ano, haverá cerca de cem destas redes na Grécia.
Os 300 a mil integrantes de uma rede têm uma boa perspectiva sobre
como ter êxito na sociedade local e, sem dúvidas, receberão
grandes benefícios”, acrescentou.
Embora
a chamada “moeda social” dê esperanças aos pobres, não
soluciona os problemas macro-económicos da Grécia, já que carece
de uma base institucional ou estatal. A qualquer momento, as redes
podem ficar à mercê de um centro de arrecadação de impostos, por
isso precisa de uma regulamentação legal com urgência, alertou
Stathakis. “O kaereti não é um substituto do euro. Funciona em
paralelo à economia comum”, esclareceu. Além disso, este tipo de
economia tem profundas raízes na região. Até 1960, o sistema de
troca ainda regulava o sector agrícola de Creta. “Minha mãe
recorda que, até 1959, quando minha família alugava uma casa em
Chania, o aluguel era pago em azeite”, recordou o professor.
A
economia de troca permite que os participantes se beneficiem
mutuamente. Por exemplo, Kostas, membro da rede kaereti, organiza
excursões no seu barco durante o Verão, e no Inverno cultiva as
suas terras, o que lhe permite oferecer azeite e azeitonas na rede.
Por outro lado, Dimitris, outro integrante, fornece a Kostas serviços
de seguro de automóvel em troca de azeite. “Ambos ganharemos”,
disseram. “Em condições normais, o comerciante cobra 1,80 euro
por um litro de azeite, e o cliente no supermercado normalmente
compra a mesma quantidade por cinco euros. Ambos fizemos um acordo
por 2,5 kaereti o litro, e entre nós não há intermediário”,
explicou Dimitris.
O
intercâmbio fica imediatamente registado na rede, Kostas somará
mais kaereti à sua conta e, após alguns meses vendendo seu azeite,
pedirá a Dimitris que faça um seguro anual para seu carro.
Actualmente, em Ierapetra, “os membros da rede pagam as contas dos
idosos, oferecem mudanças a outros habitantes do lugar e inclusive
cuidam de seus filhos”, conta Ioanna, uma funcionária social da
rede. “Os vínculos entre os integrantes se fortalecem a cada dia.
Eles tomam conta das necessidades reais dos demais. Além disso, cada
um pode mostrar as habilidades que possui. Há integrantes que podem
consertar cadeiras de madeira e agora se sentem úteis e produtivos”,
ressaltou.
A
falta do euro abre a porta para a solidariedade entre os integrantes
da comunidade do kaereti, o que representa uma efetiva via de saída
de uma crise económica nascida da especulação financeira. Os
membros da rede kaereti citam com frequência o prémio Nobel de
Literatura, Giorgos Seferis, que afirmou que, num mundo cada vez
menor, cada um necessita de todos os demais.
*Leonidas
Ntilsizian, Ierapetra, Grécia, 16/3/2012 (IPS) - Envolverde/IPS -
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